top of page

Amigas leitoras.
Um trechinho do novo e-book: A Menina dos Teus Olhos.
Espero que gostem. 

(...) O veículo parou e me peguei pensando se ele ia me chutar do carro. Luccas empurrou a porta e senti o golpe de ar frio invadir o veículo quente.
A porta bateu e eu fiquei lá, parada feito uma tonta, sem saber onde estava e o que estava acontecendo.
‘Será que vai devolver o carro comigo dentro? ’ — cogitei pegando a bolsa.
A porta do meu lado abriu e o frio novamente me engolfou. Girei o corpo para fora.
— Dê-me suas mãos, Emy.
Levantei as mãos e ele as segurou de um modo firme, mas agradável. Saí e, acidentalmente, nossos corpos se tocaram. Inesperadamente o braço dele circulou minha cintura e, num último insight racional, descobri que não havia sido tão acidentalmente assim.
Fiquei parada, dura, abobalhada sentindo o corpo forte e firme de encontro a minha composição física tremulante, em estado de ebulição.
O corpo e o cheiro dele me desnortearam de vez.
— Chegamos, Emy.
— On... — por falta de oxigênio a voz morreu no meio do caminho — Onde?
— No seu endereço.
— Ah...
O rabo de Íkaros bateu na minha perna e Luccas deslizou a mão por minha cintura recuando gradativamente. Perturbada também recuei, ele segurou meu braço, colocou-se ao meu lado e me guiou até a porta.
Peguei a chave na bolsa e acostumada enfiei na fechadura, girei e empurrei a porta. Íkaros passou por mim e invadiu o hall sob o tilintar harmonioso dos cristais do lustre.
Colocando a chave na bolsa entrei no hall, contei os passos até a porta do meu apartamento e abri para o cão.
Mais tonta que de costume, virei-me para Luccas.
— Você gostaria de transar... — calei-me sentindo o rosto afoguear pela besteira que saiu da minha boca — Quis dizer... Quero dizer: entrar. — me corrige — Você gostaria de ent...
Sem que eu pudesse prever a boca cobriu a minha calando as palavras com o ardor e a urgência do beijo. Os braços me envolveram apertando-me de encontro ao corpo firme, os lábios oprimiram os meus e a língua ocupou minha boca seduzindo a língua que ali residia.
Sentir o gosto da boca dele e o toque do corpo causou-me um furor escaldante. Luccas tinha barba, que apesar de rala e macia pinicou minha pele instigantemente.
Meu corpo moveu-se no espaço e desnorteada não senti o piso sob meus pés.
A parede do hall se fez sentir contra minhas costas e sem abandonar minha boca ele segurou minhas mãos, no momento espalmadas no peito dele, e as afastou segurando-as acima da minha cabeça. Sem meus braços para impedi-lo achatou-me sob seu peito pressionando-me contra a alvenaria fria.
Ele ofegava, eu ofegava e nos beijamos com uma urgência desesperadora. O corpo másculo, quente, pressionou-me ainda mais fazendo-me sentir o membro hirto de encontro ao ventre.
Aquela era a resposta mais óbvia para a minha pergunta. Sim, ele gostaria de transar comigo.
O ruído seco e desagradável do ferrolho da porta distinguiu-se no hall e calou nossos arquejos. Luccas recuou e eu abaixei os braços sendo engolfada pelo ar frio que invadiu o hall e acertou em cheio meu rosto febril.
— Oiê... — o cumprimento de Naomi se perdeu.
— Eu já estava de saída. — anunciou Luccas — Até breve, Emy.
— Até... — feito uma boba levantei a mão.
— Boa noite, Srta. Gate.
— Boa noite, Sr. Hoult. — ela retribuiu sisuda.
Descolei da parede, girei nos calcanhares e entrei em casa flutuando.
‘Uau! ’ — era tudo que eu conseguia pensar no momento.
Ouvi os saltos de Naomi batendo no piso com uma velocidade vertiginosa e, de repente, ela puxou minha orelha.
— O que você pensa que está fazendo, Emy?
— Ai! — reclamei me desvencilhando dela.
— O que Luccas Hoult estava fazendo aqui?
— Ele me deu uma carona. — respondi casual entrando na cozinha.
— Carona? E onde é que você estava para ele te oferecer uma carona?
— Na biblioteca. — apanhei a vasilha com a porção de carne moída cozida e coloquei no micro-ondas.
— Na biblioteca? O que ele estava fazendo na biblioteca da universidade?
— O mesmo que todo mundo, sua boba. — revirei os olhos — Dã! Pegando livros.
— Emily Sygal, o que é que está acontecendo entre vocês?
— Ahn... — balancei a cabeça pegando o saco de ração — Não sei responder.
— Você ligou para ele?
— Não!
— Está dizendo que Luccas Hoult foi atrás de você na biblioteca da universidade?
— Não! Claro que não. Ele foi atrás da Íliada.
— Quem é essa Íliada? — o tom dela não escondeu a exasperação.
— A Íliada de Homero...
— O livro?!
— É, o livro. Entendeu agora porque ele foi à biblioteca?
— Com tanta biblioteca nessa cidade ele foi para a sua por quê?
— Vai ter que perguntar para ele. — retirei a carne do micro-ondas coloquei na vasilha e misturei com a ração — Hora do jantar, querido. — coloquei o comedouro no tapetinho e recostei no balcão — Como foi seu dia?
— Sem essa de como foi meu dia; não muda de assunto. O que aconteceu?
— Nós conversamos e eu o convidei para transar...
— Você o quê?! — ela se alterou.
— Deixei meus pensamentos escaparem, eu juro que pretendia dizer “entrar”, mas saiu “transar” e então ele me beijou... — perdi o ar só de lembrar — Ou será que fui eu que o agarrei e beijei?
— Emily!? — Naomi exasperou.
— Uau! — suspirei.
Ela parou bem a minha frente.
— O que significa esse suspiro? Você não está apaixonada por ele, está?
— É... — vacilei, depois do beijo meu raciocínio ficou muito abalado — Acho que estou...
— Não acredito! Meu Deus, Emy! Quantas vezes você viu esse cara? Duas?
— Na verdade, nenhuma. Se eu for esperar ver para me apaixonar, tô ferrada, porque isso não vai acontecer nunca.
— Emy, você não sabe nada sobre ele!
— Sei que ele beija bem... — suspirei — Maravilhosamente bem, soberbamente bem, excepcionalmente bem... Ah, meu Deus, que beijo! Você já foi beijada assim? — abri a geladeira e peguei a garrafa de vinho — Acho que meu cérebro escorreu para o fundo da minha calcinha. (...)

Lançamento em 23/08/2017
Disponível em Pré-Venda com valor promocional.

 

bottom of page